Título:
Ruínas do Tempo
Autor:
Jess Walter
Editora:
Verus
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC
Ano de 1962. Em um trecho rochoso do litoral italiano, um jovem dono de hotel olha para as águas incandescentes do mar da Ligúria e vê uma aparição; uma bela mulher se aproximando em um barco. Ele então descobre que se trata de uma atriz, uma estrela americana, e que ela está morrendo. A história dá um salto e recomeça nos dias atuais, a meio mundo de distância, quando um idoso italiano aparece em um estúdio de cinema procurando pela misteriosa mulher que ele viu pela última vez em seu hotel décadas atrás. O que se desenrola a partir daí é um romance que abrange cinquenta anos e algumas vidas. Da filmagem de 'Cleópatra' à agitação do Edinburgh Fringe Festival, o autor nos apresenta um emaranhado de vidas de uma dúzia de personagens - o apaixonado dono de hotel italiano e seu amor desaparecido; o conservado produtor que outrora conseguiu juntá-los e sua jovem e idealista assistente; o veterano do exército que se tornou escritor e o libertino Richard Burton, cujas vontades são responsáveis pelo desenrolar de toda a narrativa - ao lado dos amantes e sonhadores, celebridades e perdedores que povoam o mundo nas décadas que se seguem.
“Ruínas do Tempo” é um livro de uma beleza triste. Não sabia o que esperar dessa leitura e fiquei gratamente surpresa por seu conteúdo. Não consegui terminá-lo rapidamente. Ele é bem denso e cheio de informações espaçadas. Tudo pode parecer confuso até a metade do livro, porém o autor não deixou nenhuma ponta solta. Portanto, palmas para ele.
Tudo começou em 1962, na Itália, com a chegada de uma americana na pensão de Pasquale.
“Ela sorriu, e naquele instante, se tal coisa fosse possível, Pasquale se apaixonou, e continuaria apaixonado pelo resto da vida – não tanto pela mulher, que ele nem mesmo conhecia, mas pelo momento.”
A partir dessa história uma reação em cadeia começa na narrativa. O autor não se deteu apenas em mostrar uma perspectiva; ele expôs o mundo ao redor. “Ruínas do Tempo” é um misto de histórias. Vários personagens nos são apresentados, várias vidas são transformadas por suas escolhas através dos anos; de 1962 até os dias de hoje.
Os personagens são marcantes e interessantes. A atriz de cinema singular que mudou a vida de Pasquale, o jovem italiano sonhador. Alvis Bender, o autor angustiado que terminou apenas 1 capítulo, após 8 anos de tentativa para escrever seu livro. Claire e sua crise de identidade de vida adulta... São várias histórias que se esbarram, flertam e se encontram.
O pano de fundo principal é a Itália de 1962, pós-guerra. O inquietante do livro é o pulo drástico que o autor dá na passagem do tempo. Ele é cronologicamente confuso, porém em seu clímax tudo se complementa e faz sentido. Todas as histórias que são abordadas tem seu ciclo completo.
Uma curiosidade interessante é que o autor pegou alguns fragmentos de histórias reais para casar com seu enredo. Jess Walter cita atores, produções e fatos de cinema memoráveis e os inclui em sua narrativa para a surpresa do leitor. Obviamente que os fatos não reais (eu acho), porém dá um ar charmoso à história.
“Ruínas do Tempo” é um livro de cunho realista, repleto de verdades palpáveis. As diversas perspectivas são até... cruéis. Não são vidas felizes e, estranhamente também não são infelizes. É um paradoxo tão real com a realidade que fiquei encantada.
“Tem um tipo de melancolia que fez eu me sentir menos sozinha em minha própria melancolia. Consegue compreender?”
Várias quotes maravilhosas marcam as diversas perspectivas e mesmo com diversos sentimentos melancólicos o livro consegue ter um teor cômico. “Ruínas do Tempo” é de uma sutiliza fascinante quando entrelaça a perspectiva desses diversos personagens para nos contar apenas uma história limpa sobre a vida.
Um livro digno de ser deliciado.
Fernanda Karen Estudante de Serviço Social com o coração no curso de Letras. Apaixonada por séries, dramas e café. Bookaholic irrecuperável e promiscua literária. Eventualmente estou trocando um de meus rins por livros muito desejados. (Qualquer coisa é só entrar em contato). Amo YA, ficção-fantasia, clássicos (brasileiros, portugueses, ingleses, latinos etc), chick-lits... Perceberam que meu preconceito literário é zero? Ops, quase zero; não leio auto-ajuda.