Título:
A Filha do Louco
Autora:
Megan Shepherd
Editora:
Novo Conceito
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC
Juliet Moreau construiu sua vida em Londres trabalhando como arrumadeira - e tentando se esquecer do escândalo que arruinou sua reputação e a de sua mãe, afinal ninguém conseguira provar que seu pai, o Dr. Moreau, fora realmente o autor daquelas sinistras experiências envolvendo seres humanos e animais. De qualquer forma, seu pai e sua mãe estavam mortos agora, portanto, os boatos e as intrigas da sociedade londrina não poderiam mais afetá- la... Mas, então, ela descobre que o Dr. Moreau continua vivo, exilado em uma remota ilha tropical e, provavelmente, fazendo suas trágicas experiências. Acompanhada por Montgomery, o belo e jovem assistente do cirurgião, e Edward, um enigmático náufrago, Juliet viaja até a ilha para descobrir até onde são verdadeiras as acusações que apontam para sua família.
Um minuto de silêncio para a surpresa que esse livro me causou. Eu sei que é clichê dizer “eu não esperava” mas EU NÃO ESPERAVA! ESTOU COM UM NÓ NA GARGANTA, SABEM.
“A Filha do Louco” é um livro inspirado em “A Ilha do Dr. Moreau”. Para quem não sabe, o livro de H.G. Wells é um clássico inglês do século XIX que tem uma premissa interessante. Dr. Moreau tem a aspiração de criar homens a partir de animais. Essa premissa é muito importante para o enredo d’”A Filha do Louco”.
Juliet Moreau (hm) passou a infância e começo da adolescência vivendo sobre o estigma de um escândalo. Seu pai foi acusado de crueldade e loucura e alguns dizem que ele morreu ou que fugiu para se esconder. O fato é que Juliet ficou sozinha com sua mãe passando por diversas dificuldades em Londres. Aos 16 anos, sozinha no mundo, ela trabalha como faxineira na faculdade de medicina que seu pai dava aulas anteriormente.
Julet é inteligente e curiosa, o que é uma mistura perigosa para uma mulher naquela época. Ela observa com olhar crítico e analítico os avanços médicos e sabe lidar muito bem com isso. Limpar uma sala com mortos para aula de anatomia? Moleza! Cortar o pescoço de um coelho para um bem maior? Mamão com açúcar.
Sua vida começa a mudar quando ela encontra uma pista do paradeiro do seu pai. Essa pista a leva a um quarto de pensão e lá ela encontra um jovem familiar. Montgomery foi seu criado antes do escândalo mas agora estava rigidamente bem vestido e pronto para partir. Juliet insiste em viajar com ele não apenas por sua cadência, por seus belos olhos ou por seu corpo forte, mas por um motivo que é a sua prioridade há tempos: saber a verdade sobre seu pai. Montgomery desapareceu junto com Dr. Moreau e Juliet quer respostas. Será que seu pai é o monstro que a sociedade crucifica ou apenas um gênio mal compreendido?
À caminho da misteriosa ilha, o navio que leva Juliet e Montgomery encontra um naufrago. Edward Prince é um homem misterioso que foge de algo e desperta em Juliet muitas dúvidas. Juntos, os três chegarão à ilha do Dr. Moreau para lidarem com coisas assombrosas e... geniais.
“A Filha do louco” é um livro muito interessante, cheio de surpresas e MUITAS revira-voltas.
Vamos falar muito sério agora. O livro tem uns errinhos de continuidade e dá a impressão que a autora foi apenas colocando alguns fatos aleatórios para deixar as coisas mais tensas. Me pareceu que algumas coisas não foram planejadas e simplesmente jogadas no colo do leitor.
PORÉM, posso perdoar tudo isso pela narrativa fantástica! A história é muito bem contada e desperta curiosidade. O livro é meio sombrio e cheio de suspense. E a autora trabalhou bem nesse aspecto dark da narrativa.
E tem os personagens. Os personagens, gente! Juliet é meio louca e alguns de seus atos me parecem instintivos demais, porém casa muito bem com sua personalidade. Gosto da referencia que a autora trabalha sobre a semelhança de sua personalidade e a de seu pai. Eles se parecem e isso é muito confuso para Juliet e interessante para o leitor.
“Meu pai vivia em meio à ilusão de que era um deus, tão adorado por suas criações que elas nunca se levantariam contra ele. Mas animais são animais. E só há uma maneira de lidar com um animal selvagem e sanguinário: matá-lo antes que ele o mate.”
E, claro, ainda há Montgomery e Edward. Vou adiantar logo: tem triangulo amoroso e NÃO ME DECIDI POR UM TEAM! Eles são bem trabalhados e os sentimentos conflituosos de Juliet nos deixam em conflito também.
“Ele se aproximou, com a cabeça baixa. Seu rosto estava a poucos centímetros do meu. Em seguida, ele me puxou para si, agarrando meus braços com força. Seus lábios encontraram os meus. Eu recuei, tentando recuperar o fôlego, chocada pela paixão com que ele me tocava. Aquilo era totalmente inadequado. E, quando ele segurou meu queixo e me beijou novamente, com mais força dessa vez, eu esqueci todo o decoro...”
A sacada final foi WOW! A autora conseguiu me deixar com um nó na garganta a ansiando pela continuação. Sim, esse é o livro 1 de uma trilogia. Confesso que não tenho noção da ideia que a autora vai trabalhar nos outros livros, mas... PRECISO DELES!
“A Filha do Louco” é um livro interessante e inteligente. Os questionamentos que a autora, Megan Shepherd, levantou casam bem com os questionamentos que o próprio H.G Wells trabalha em “A Ilha do Dr. Moreau”. Não tenho propriedade para expor, pois ainda não li o clássico, mas li a respeito para saber se a autora tinha viajado demais na batatinha e acho que ela foi feliz.
O romance é bem intenso e, acreditem, a continuação é necessária! Só vai ganhar 4 estrelas pelos contras supracitados acima, mas... os prós!!! O livro vale super a pena!
Fernanda Karen Estudante de Serviço Social com o coração no curso de Letras. Apaixonada por séries, dramas e café. Bookaholic irrecuperável e promiscua literária. Eventualmente estou trocando um de meus rins por livros muito desejados. (Qualquer coisa é só entrar em contato). Amo YA, ficção-fantasia, clássicos (brasileiros, portugueses, ingleses, latinos etc), chick-lits... Perceberam que meu preconceito literário é zero? Ops, quase zero; não leio auto-ajuda.