Título:
Cartas de Amor aos Mortos
Autora:
Ava Dellaira
Editora:
Seguinte
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC
Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.
“Cartas de amor aos mortos”, de Ava Dellaira, foi lançado
pela Editora Seguinte no Brasil e trouxe uma proposta interessante: Tudo
começou com uma tarefa de escola, onde ela teria que escrever uma carta para
alguém falecido. Um ex-presidente, talvez? Sua irmã? Bem, o fato é que no meio
dessa atividade ela percebeu que poderia abrir seu coração e sua mente para
seus ídolos.
Toda a narrativa é em carta. Tudo que descobrimos sobre a vida de Laurel, seus
amigos e sua família, são através de suas missivas. Os destinatários? Kurt
Cobain, Judy Garland, River Phoenix, Jim Morrison, Janis Joplin e, posteriormente,
até para Amy Winehouse e Heath Ledger entre outros. Laurel conta seus anseios, dúvidas e medos para os ídolos que um dia sofreram
com todos esses sentimentos. Ela os enxerga como pessoas e dá ao leitor uma
perspectiva interessante de vida.
“- Se tenho medo da minha voz? ... É, acho que sim. Então Sky inclinou a cabeça para o lado um pouco e ficou mais sério.-Acho que todos nós temos. Mas Kurt enfrenta o medo, sabe? ... Acho que é por isso que ele canta tão alto. Quer dizer, ele precisa cantar. Porque está enfrentando o monstro de frente, e a única coisa a fazer é revidar. - Você acha que ele venceu? - A resposta obvia é não, porque ele morreu. Mas acho que sim, de certa forma. Quer dizer, escuta só. – Sky aumentou o volume. – Agora temos isto. E vamos ter para sempre.”
É importante destacar que Laurel não está passando por uma
fase fácil da vida. Sua irmã mais velha morreu recentemente e sua mãe foi morar
em outra cidade. Então Laurel alterna suas semanas na casa de seu pai – que parece
destruído - e sua tia solitária que é muito religiosa. Laurel tem um olhar
muito sensível das coisas que passam ao seu redor, e ela precisará reconstruir
algo dentro dela para poder continuar.
Mesmo o livro sendo em 1° pessoa, a autora conseguiu passar
ao leitor os sentimentos de outros personagens. Os pais de Laurel, sua tia Amy,
suas amigas que se amam, o garoto por quem ela é apaixonada, Sky... temos um
vislumbre das cargas que cada um carrega para se manter firme frente as
dificuldades da vida.
O que realmente me chamou atenção nesta história é que
Laurel, mesmo sendo uma adolescente bem comum, com uma rotina adolescente meio
louca, não é uma personagem fraca. Ela concorda com várias ciladas, se mete em
diversas confusões (desnecessárias), mas não porque ela é influenciável; As
motivações de Laurel são bem mais complexas. Laurel parece perdida. Depois que
sua irmã morreu, ela ficou desnorteada.
Tudo muda com a morte. E, definitivamente, algo dentro de
Laurel mudou.
“Sabe, acho que, quando você perde alguma coisa próxima, é como perder a si mesmo. É por isso que, no final, até escrever é difícil para ela. Ela quase não sabe como fazer. Porque quase não sabe mais quem ela é.”
O livro não tem um enredo linear. Ava Dellaira usa uma
narrativa fácil que envolve o leitor de forma incrível. O presente e o passado
se misturam enquanto vamos conhecendo Laurel mais profundamente. Alguns
segredos (chocantes) serão revelados enquanto acompanhamos o obvio crescimento
da personagem, mesmo que certas dúvidas continuem a lhe rondar.
“-Sabe, docinho, existem duas coisas importantes no mundo: estar em perigo e ser salvo. - Você acha que corremos perigo de propósito, para sermos salvos? -Sim, às vezes. Mas às vezes o lobo desce da montanha, sem que você tenha pedido. Você só estava tentando cochilar no sopé da colina. - Mas, se essas são as coisas importantes, onde se apaixonar se encaixa?
- Sabe porque se apaixonar é o que pode acontecer de mais profundo com uma pessoa? Porque quando estamos apaixonados, estamos totalmente em perigo e completamente salvos, os dois ao mesmo tempo.”
“Cartas de amor aos mortos” é um livro incrivelmente
bonito, com um toque melancólico. Ava Dellaira nos deu um presente com esse
livro belamente triste. Fiz sua leitura com um nó na garganta permanente e, em
sua conclusão, esse nó se desfez... em lágrimas.
Amei.
Fernanda Karen Estudante de Serviço Social com o coração no curso de Letras. Apaixonada por séries, dramas e café. Bookaholic irrecuperável e promíscua literária. Eventualmente estou trocando um de meus rins por livros muito desejados. (Qualquer coisa é só entrar em contato). Amo YA, ficção-fantasia, clássicos (brasileiros, portugueses, ingleses, latinos etc), chick-lits... Perceberam que meu preconceito literário é zero? Ops, quase zero; não leio auto-ajuda.