Olá, gente!
Curtindo nossa semana especial? Eu também, tenho adorado tanto ler os posts das minhas amigas, como fazer esses posts um pouquinho diferentes das resenhas convencionais.
Como comentei anteriormente, eis um pouquinho mais sobre o nosso amigo Salomão Larêdo, que gentilmente aceitou um pedido no meio da tarde de domingo, para responder as perguntas dessa que vos escreve.
Imagem via google |
Nessa entrevista, o que mais me impactou foi o fato de que a leitura pode significar bem mais do que um prazer (meio caro as vezes). Ela pode significar muito mais para tantas outras pessoas e a gente nem faz ideia da proporção.
Então sem mais delongas, vamos descobrir o que o nosso amigo tem a falar sobre o universo literário e sua experiência em meio aos livros, e palavras.
1
- Como surgiu a iniciativa de levar livros a beira do rio? Hoje essa
proposta atinge quantos municípios? Como é a sistemática desse trabalho?
Surgiu no campus da UFPA, em Cametá, com o prof.
Orlando Cassique, que ampliou sua sala de aula no sentido de que os seus
alunos tivessem atividades começando um pequeno espaço de leitura que
se tonasse célula à formação
de leitor crítico. Cada professor e cada aluno - era uma ação que
vimos juntos, ou seja, professores e alunos da universidade -
tornava-se co-participante e co-responsável , em cada módulo , de
avançar essa ideia e ia com os seus alunos realizar essa
ação política e como eu já desenvolvia em Belém e pelo interior do
Pará meu projeto que objetiva cooperar na formação de leitor crítico
chamado " O escritor na escola" , convidado pelo prof. Doriedson
Rodrigues, fui ministrar uma disciplina e numa
tarde de sábado, contando com a ação voluntária dos alunos ,
atravessamos o belíssimo rio Tocantins , fomos a esse lugar chamado
Cuxipiari, uma ilha do município de Cametá e levei à comunidade
alguns livros meus e outros para ajudar no acervo do espaço
de leitura e com meus alunos fizemos atividades de contar histórias e
ouvir o que eles tinham a dizer e foi um excelente troca, comunhão e
compartilhamento e um exercício efetivo de cidadania , de pensar no
outro, de ajudar na promoção humana, abrindo os
olhos de quem queria , através da leitura, fazer suas
descobertas.Contávamos com o apoio e parceria da colônia de pescadores
de Cametá que cedia a embarcação. Infelizmente por uma série de razões
esse projeto não prosperou, inobstante eu continuar com meu
projeto pessoal de formar leitor em toda parte , doando livros para que a
comunidade faça uma pequena biblioteca para uso da comunidade e um
dia tenhamos um Pará de leitores.É uma luta muito grande, árdua,
difícil, mas é uma missão que tenho, um apostolado
que exerço, questão de consciência cidadã minha como pessoa, como
escritor, professor, como quem está no mundo para ajudar, facilitar
para que o outro cresça, se promova, apareça.
2- Que tipo de literatura o projeto leva a beira dos rios? E de que forma podemos contribuir?
Meu projeto "O Escritor na Escola" ( que sempre
contou com apoio das bibliotecárias, minhas queridas amigas verdadeiros
anjos da guarda do livro, da leitura e de quem gosta de ler ), que tem
mais de 30 anos, continua em toda parte onde posso ir -
conforme minha disponibilidade de tempo, condições, saúde - e fazer
alguma coisa. Normalmente procuro conscientizar professores, alunos, a
comunidade para a importância da leitura e concretamente levo livros
para que iniciemos um pequeno acervo cuja tendência
é crescer e se transformar em biblioteca comunitária. Faço doação de
livros meus, de leitura literária, livros para crianças, revistas,
jornais, tudo serve e peço às pessoas que queiram contribuir e repasso
onde pedem, solicitam.É uma ação política que não
é fácil e preciso que o outro aceite e queira colaborar, pois é sempre
um trabalho coletivo, de todos, quem cede espaço, tempo, etc.
3
- Você acha que a semente ´´club do livro`` é uma proposta que poderia
ser implementada com sucesso em outros municípios paraenses?
Meu sonho é de que em cada comunidade haja um " Club do
Livro" ou coisa similar, para incentivar a leitura, fazer as pessoas
gostarem de ler, a encontrar prazer na leitura e partir daí, aflora a
consciência cidadã e tudo muda, porque quem lê, pensa
e quem pensa, muda o seu entorno e vamos ampliando isso e daqui a pouco
todo o Pará será leitor e certamente, teremos mais escolas, mais
ensino, mais educação de qualidade, mais livros, mais bibliotecas, mais
justiça social, menos desigualdade, menos presídios,
menos violência, uma vida melhor e mais feliz para todos, todos.
4 - Qual dica você poderia dar para nossos amigos que almejam escrever um livro futuramente?
Quem quer escrever, penso que deve antes querer ler,
ler muito, ser leitor, ler muito, muito e ler tudo que cair na rede. Ser
um bom observador da vida e do mundo, das pessoas. Primeiro passo de
quem quer ser escritor é ser leitor, sempre. A leitura
é a base para o conhecimento, para ampliar vocabulário, raciocínio,
fala, ver como o outro desenvolve um texto, que técnica usa. Leitura é
sempre o caminho para o escritor e não parar nunca de ler, ler mais que
escrever.Quem quer se escritor tem que sentar
e escrever a obra, ler, reler, revisar, retirar excessos, reolhar,
rever, reler , mostrar aos parentes e amigos e participar de concursos
literários e jamais se dar por vencido, ultrapassando todas as
barreiras e dificuldades e os nãos que vão surgir .
Mas, vencidos todos os interditos e vicissitudes , quando o livro está
na mão do leitor, exercendo sua função social, é muito prazeroso,
gostoso e deixa o autor muito feliz e percebe-se que todo sacrifício
vale a pena.
5
- Como produtor e propagador de conhecimento, qual a mensagem para
incentivar outros jovens a ter amor pela leitura, você poderia nos dar?
Tenho uma teoria de que o leitor se forma no ventre
da mãe, em casa, na família, com os pais, avós, tios, primos, amigos,
que contam casos, histórias, conversam, que são carinhosos, atenciosos,
afetuosos. Quando a criança nasce, continuar contando
histórias, falando das coisas, mostrando o cotidiano, levando em
ambientes culturais como livrarias, cinema, teatro, ouvir música e
continuar lendo, adquirindo livros. Porém o melhor exemplo que alguém
pode dar, é ser leitor. Não precisa dizer leia. Basta dar
o exemplo e o outro vê que tu estás, lendo, que és leitor e vai também
querer ler. A escola tem uma participação importante porque é da
colaboração com a família que o leitor e se desenvolve , cresce , mas o
professor tem que ser leitor, em que gostar de
ler, se empolgar com livro e leitura , cultura e arte, tem que ter
biblioteca na escola e , completando o tripé, vem o Estado que tem
obrigação - por ser um direito de toda pessoa humana - de dotar nos
espaços públicos, boas e muitas bibliotecas, bons
acervos, proporcionar meios de leitura e de que haja bens culturais a
serem usufruídos por todos pois é um direito. Toda pessoa tem direito a
educação, ler, escrever, ter cultura e quem deve proporcionar isso é o
poder público, é a família , é a escola, todos
formando um conjunto. Essa é, digamos a situação ideal e quando não
acontece assim - o que é mais comum - cada um de nós tem que dar seu
contributo: ler para as pessoal, difundir a leitura, o livro, falar de
livro, de biblioteca, deixar livros nas rabetas,
nos ônibus, nas balsas, na vans, em toda parte, doar livros, presentar
com livros, etc etc.
Gostaria de esclarecer , que com algum tempo nessa missão, nesse
propósito, nessa ação cidadã, de ajudar na formação do leitor crítico,
hoje vejo mais produtivo incentivar os professores à leitura , contar
com a colaboração deles, com o efeito multiplicador
dessa ação de ler, principalmente a leitura de autor local. Precisamos
valorizar o que é nosso, não apenas a literatura, mas a nossa cultura em
geral, nossa história, nossa gente, nosso sotaque, nossa fala , nosso
jeito, nosso cinema, música, teatro, dança
todas as vertentes da arte, tudo que fazemos. Temos que valorizar para
conhecer, amar, defender o que é nosso. É muito importante o que vem de
fora e nos enriquece, mas, temos que conhecer e entender o que se
passou e se passa aqui, por isso, trabalho também
com a memória ou literatura de testemunho, com o lendário e o imaginário
da minha amada região Amazônico porque sou mesmo é ficcionista,
romancista e adoro meu povo, minha gente, minha história e gosto de
contá-la para encantar. Gosto de seduzir leitor,
fazendo, tecendo um bom livro e para isso, preciso ler, ler muito, muito e
eu gosto muito de escrever, mas sou fascinado pela leitura. e como nós
temos bons autores, aqui temos o melhor da literatura brasileira
produzida no Pará, por paraenses.
Quero parabenizar você Anne, pelo empenho com seu grupo que se reúne no café da Fox. Fico muito contente e e feliz quando chego na Fox e é o dia da reunião de vocês e me sinto orgulhoso e feliz de ver tantos leitores jovens e gente interessada em livro e em leitura , em discutir literatura e estar alegre e e feliz no meio dos livros, cuidando da arte e cultura e isso me enche de orgulho que corro pra fotografar e postar no meu FB e no blog como uma maneira de incentivar ainda mais vocês, chamar a atenção de outros e porque valorizo muito o que vcs fazem e que se propaga para um dia sermos tds, leitores. Bjs e , parabéns a vc e a toda turma desse importante Club do Livro que tem muito a fazer mas já tem muita história pra contar e uma coisa que me agrada é que me sinto membro do grupo de vocês e tenho tds vocês como meus amigos e amigas queridas. Grato, obrigado Bjs
Mais uma vez obrigada por essa oportunidade de entrevista!
Espero que todos tenham gostado e refletido tanto quanto eu após essa entrevista.
Abraços de urso, e até a próxima.