"O amor pode ser a magia mais perigosa de todas." |
"As Peças Infernais" chegou do nada e virou minha perspectiva sobre os shadowhunters do avesso. A trilogia é maravilhosa e ouso dizer que bem melhor que os 6 livros de "Os Instrumentos Mortais".
Neste post vou explicar a relação entre as séries e tentar sanar algumas dúvidas que possam surgir eventualmente, sem spoilers. Qualquer coisa, se manifestem nos comentários.
Acompanhem meu resumo:
"The Mortais Instruments" |
"As Peças Infernais", diferente de "Os Instrumentos Mortais" que se passa em Nova York na contemporaneidade, se passa na Londres Vitoriana, no século XIX, e trabalha o que conhecemos anteriormente em TMI: caçadores de sombras que tem como função proteger o mundo e os mundanos de ataques demoníacos. Bem na superfície as duas séries trabalham basicamente a mesma coisa. O grande diferencial é: o enredo, os personagens e a ambientação. Ou seja: praticamente tudo.
Um ponto interessante que me enlouqueceu: os personagens da trilogia "As Peças Infernais" são ancestrais dos personagens de "Os Instrumentos Mortais". E, acreditem, isso dá muito pano para manga.
Vamos esclarecer séries e livros:
Os Instrumentos Mortais - 6 livros (The Mortal Instruments): Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas, Cidade de Vidro, Cidade dos Anjos Caídos, Cidade das Almas Perdidas e Cidade do Fogo Celestial.
As Peças Infernais - 3 livros (The Infernal Devices): Anjo Mecânico, Príncipe Mecânico e Princesa Mecânica.
Porém, a ordem aconselhável de leitura é um pouco mais complexa. Os primeiros livros são: Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas e Cidade de Vidro. Depois é recomendável alternar o prequel com o a história contemporânea: Anjo Mecânico, Cidade dos Anjos Caídos, Príncipe Mecânico, Cidade das Almas Perdidas, Princesa Mecânica e Cidade do Fogo Celestial. Em algum momento no meio das publicações surgiu O Códex de Caçadores de Sombras, que é um livro histórico sobre todo o universo shadowhunter. Não pensem que isso foi aleatório, amigos. A autora é uma bruxinha do mal e vamos constatar isso mais à frente.
A arte das capas brasileiras são iguais as da americana, só para constar. (Se tivéssemos hardcover eu seria mais feliz, mas ok.)
Enfim, "As Peças Infernais":
The Infernal Devices |
A trilogia TID, como supracitado, se passa no século XIX, em Londres, e toda a ambientação é digna de nota: a Londres cinzenta, suja, com carruagens, cavalheiros de ternos, damas de vestidos, linguagem culta, inclinação para beijar a parte de trás da mão. Tem tudo! A narrativa é maravilhosa, sensorial e emocionante. Claro que também há os aspectos de humor. A autora foi impecável, do meu ponto de vista. Já li alguns clássicos da época e tudo se mostrou bastante crível; tirando o fato dos shadowhunters atrás dos demônicos, é claro.
Mesmo com os elementos clássicos, a história pode ser apontada como steampunk. O termo "mecânico" dos títulos é imprescindível para o enredo.
Tessa Gray é uma jovem americana que, após perder a tia nos EUA, parte para Londres atrás do irmão Nathaniel. Ao chegar na cidade, ela é recebida pelas Irmãs Sombrias, duas feiticeiras que a mantém presa em um treinamento insano. Tessa descobre que tem o estranho poder de mudar de forma. Ela pode se transformar, literalmente, em qualquer pessoa; basta que tenha algo pessoal em que segurar.
O tormento de Tessa não diminui quando descobre que está prometida em casamento para o Magistrado. Um ser cujo o título denota o poder que exerce no submundo com seus autômatos infernais.
Tudo que Tessa não esperava era ser resgatada por um lindo rapaz cheio de marcas (ah, como esse termo é propício) que luta corpo a corpo com as Irmãs Sombrias.
Sei o que vocês estão pensando. "Mimim lá vem romance mimimi". Sim, lá vem romance. Lá vem amor! Lá vem dor!
Dor, amigos. Nem uma palavra melhor resume as relações nessa história.
Ao ser resgatada por Will e uma equipe de shadowhunters, Tessa é hospedada no Instituto de Londres, onde a jovem e gentil diretora, Charlotte Branwell, faz de tudo para ajudá-la. Tessa passa vários momentos na defensiva, afinal, seu primeiro contato com estranhos em Londres não foi nada positivo. Porém, logo ela vai descobrir que essas estranhas pessoas, com hábitos singulares da etiqueta da época, são incríveis.
Quero constar isso com muita clareza: todos os personagens de "As Peças Infernais" são incríveis. TODOS. Eles são fortes, cheios de personalidade e suas histórias são bem abordadas, diferentemente de "Os Instrumentos Mortais" onde o foco é no romance passional de Clary e Jace.
Em TID, a autora vai dar um novo significado ao termo ~triangulo amoroso~. Sei que algumas pessoas estão cansadas disso. Não aguentam mais essa história de indecisão e team e panz. Porém-todavia-contudo, Cassandra Clare vai pegar o leitor e arrancar o coração fora com as mãos, à la Once Upon a Time.
Vejam bem, o termo parabatai, nessa série, ultrapassa qualquer tipo de intenção romântica que a autora supôs propor.
Will e Jem são parabatai. Os dois são shadowhunters e, eventualmente, os dois se apaixonarão por Tessa. Porém eles estão dispostos a se sacrificar um pelo outro. Não consegui ver nenhuma sugestão homoafetiva entre os dois (antes que alguém pergunte), apenas a amizade mais incrível e linda que já tive o prazer de ler.
Mas o que é parabatai? Ser parabatai é ser ligado irremediavelmente ao outro. É um selo. Um juramento.
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"Você me é tão caro quanto a metade da minha alma. Eu não poderia ser feliz se você fosse infeliz. (...) Rogo não deixá-lo ou voltar após segui-lo: pois para onde você for, eu irei."
O termo parabatai é usado em "Os Instrumentos Mortais", mas só pude perceber sua grandeza em "As Peças Infernais". É impossível (caso tenhas um coração) não ficar tocado pela amizade dos dois. Tessa é apenas um elemento há mais. Ela não veio causar contenta ou ruptura, mas complementar. Os três se amam mutuamente, mas apenas um poderá ficar com ela. Eu queria cortá-la ao meio para dar sua metade para cada um. É impossível ter um team nesse caso. E é impossível não sofrer com o rumo que as coisas tomam.
CHOROSAAAA |
O magistrado é um cão. E ele é responsável pelo ar steampunk que a história tem. Suas criaturas mecânicas são assustadoras e implacáveis. Ele tem a intenção de criar um exercíto de autômatos para combater os shadowhunters. As criaturas são do tamanho de homens adultos, cobertos com pele humana, com alguns órgãos feitos de mecanismos de engrenagens. Alguns conseguem até falar. Essa tecnologia ~futurista~ no ambiente do passado é descrita de forma genial e Cassandra Clare soube dar um ar sombrio que combinou muito bem com a proposta da história.
À priori, o grande questionamento é saber o que Tessa é e qual é a importância de sua participação nos planos do magistrado. Mas logo o leitor é enredado pelas complexidades dos personagens e das relações entre eles, o que dá uma super-valorização à história.
Tudo nessa trilogia é incrível. Dentre vários elementos, há o modo como a ciência vai se desvendando aos olhos do leitor através de Henry, um shadowhunter inventor (e teremos acesso a algumas suas invenções na contemporaneidade de "Os Instrumentos Mortais", inclusive), a participação especial de nosso conhecido Magnus Bane, a forma como as relações se dão entre os personagens (não apenas entre Will, Tessa e Jem, mas entre todos!) e, sobretudo, os sobrenomes.
Eu mesma gritando pela casa |
Preciso confessar que uma das coisas que mais me empolgou foram os sobrenomes. É muito legal (e meio doentio, ok) criar teorias e tentar desvendar como as séries se interligam. Herondale, Lightwood, Fairchild, Carstairs, dentre outros, são apenas uma ponta da rede que Cassandra Clare criou para prender o leitor. E, no meu caso, conseguiu com louvor.
Já como prometi guardar os spoilers, vou expôr apenas mais uma coisa: há mais personagens, já incluindo Magnus Bane, que dão ar da graça nas duas séries!
Acontecem tantas coisas, amigos! É de tirar o folego e de jorrar lágrimas. Quase me jogo da escada de tanto amor/dor.
A maldita da autora escreveu de forma que o último livro de "Os Instrumentos Mortais" explicasse os detalhes do final de "As Peças Infernais". Genial. E cruel.
Eu tinha parado de ler TMI em 2012. Mas quando comecei TID, tive que voltar. Percebem? Foi imperativo. Fiquei TÃO apaixonada pela trilogia que, para não perder nada, voltei para uma série que eu tinha dado um tempo. Gosto de TMI mas os protagonistas me irritam. O que me fez continuar foram os personagens secundários. Acreditem, Cassandra Clare evoluiu perceptivelmente nos últimos livros de "Os Instrumentos Mortais" mas NADA que se compare a qualidade de "As Peças Infernais". N-A-D-A.
Preciso comentar uma das coisas mais legais que me pegou pelo pé em TID: Tessa e Will são bookaholics. Eles conversam sobre livros, dão dicas sobre livros, citam fragmentos de livros. Tessa vive com um livro na mão. Minha lista de leitura aumentou consideravelmente depois dessa trilogia. "As Peças Infernais" é repleta de referências e amo isso. A autora cita Charlotte Brontë, Jane Austen, e Charles Dickens dentre outros autores clássicos. Só complementa o fantástico que a trilogia é no todo.
ATUALIDADE: Para quem pensou que o universo shadowhunter iria parar por aí, Cassandra Clare mandou um recado:
Beijos |
A autora publicou em 2016 o livro 1 da série "The Dark Artifices". Os eventos desta série se passam 6 anos depois dos eventos de "Os Instrumentos Mortais" e tem como protagonista um membro da família Carstairs! (Isso significa MUITO para quem leu "As Peças Infernais", acreditem.) (Ainda bem que ela não é chata como Clary.).
"Dama da Meia-Noite" também foi publicado pela Editora Galera Record e já tem resenha aqui no blog.
Agora estamos no aguardo de "The Last Hour", que será basicamente sobre os descendentes dos que sobreviveram em "As Peças Infernais", que provavelmente será lançado ainda este ano.
Ao que parece (me corrijam se estiver errada), o ciclo shadowhunter fechará em 18 livros, sem contar "As Crônicas de Bane", que são pequenas histórias sobre o alto feiticeiro. Não tenho muito interesse nas crônicas do homi, mesmo o adorando. Achava que estaria fadada a caçar fragmentos de meus personagens de "As Peças Infernais" mas, recentemente, Cassandra Clare publicou contos sobre Simon. E, bem, Simon é meu personagem favorito de TMI, então aguardem resenha!
É! |
Confirmem presença aqui e acompanhem todas as novidades na página do evento.
Vai ter brinde, vai ter brincadeira e teremos nós, surtando ♥
Simon rainha, Jace nadinha. |
QUERO TANTO QUE TODOS LEIAM ESSES LIVROS! Esta trilogia é verdadeiramente incrível em todos os aspectos e espero que vocês tenham a oportunidade de constatar isso pessoalmente.
Quem já leu e entende meus sentimentos, vem me abraçar. Quem não leu, corre! E depois vem me abraçar.
Aviso desde já que depois do epílogo de "Princesa Mecânica" a DPL é braba! Sério.
Post criado originalmente para o blog Nem te conto