Eu li: O Feiticeiro de Terramar - Ciclo de Terramar #1 - Ursula K. Le Guin

Dragões S2
Título: O Feiticeiro de Terramar
Autora: Ursula K. Le Guin 

Editora: Arqueiro

Ano: 2016

Série: Ciclo de Terramar

Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda.
Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários.
Publicado originalmente em 1968, O feiticeiro de Terramar se tornou um clássico da literatura de fantasia. Ged é um predecessor em magia e rebeldia de Harry Potter. E Ursula K. Le Guin é uma referência para escritores do gênero como Patrick Rothfuss, Joe Abercrombie e Neil Gaiman.
Ursula K. Le Guin é uma autora que produziu inúmeras obras premiadas, mas atualmente não é mais tão conhecida, infelizmente. O próprio Ciclo de Terramar nunca chegou a ter todos os seus livros publicados no Brasil (agradecimentos à Arqueiro por estar trazendo a série de volta). Mesmo assim, a série serviu de inspiração para vários autores da atualidade como Neil Gaiman, Christopher Paolini, J. K. Rowling e outros. Ao ler o Feiticeiro de Terramar é possível notar detalhes que servem de inspiração para várias dessas obras de fantasia que temos hoje.

O livro em si conta a infância de Ged, um grande e poderoso mago do mundo de Terramar. Antes de se tornar extremamente poderoso, eles foi um garoto órfão conhecido em sua terra como Dunny. Sua tia viu que ele conseguia repetir alguns feitiços proferidos por ela com muita proficiência e acabou ensinando-lhe alguns truques. Graças a isso, Dunny conseguiu salvar sua aldeia de um ataque, usando um feitiço de névoa, ganhando, em consequência, alguma fama. Eis que, um grande mago chamado Ogion aparece para conhecer melhor o garoto e levá-lo para ensinar-lhe sobre a magia. Durante alguns anos o garoto treinou com o mago. Esse ensinou-lhe seu verdadeiro nome, Ged e instruiu-o a nunca revelá-lo levianamente (somente para pessoas em quem ele confiasse muito), dando-lhe também o apelido de Gavião.

Em dado momento Gavião passa a ficar um tanto insatisfeito com o método de ensino de Ogion. Esse explica-lhe que ele pode ir para uma escola de magia e indica-lhe a ilha de Roke. Lá Gavião dá continuidade a seu ensino em magia e arruma algumas amizades e inimizades. O grande problema acontece quando um rival de do garoto (Jasper, um aluno também muito talentoso) o desafia a fazer uma magia indevida para sue ano de estudo. Gavião aceita o desafio e, ao executá-la, acaba trazendo à Terramar uma sombra, algo extremamente poderoso e desconhecido, que o professores de Roke dizem que vai persegui-lo a vida toda.
Somente a sombra pode enfrentar a sombra. Somente as trevas podem derrotar a escuridão.
O Feiticeiro de Terramar é um livro bem curtinho (176 páginas) e rápido de ler. É extremamente interessante lê-lo e analisar vários pontos que inspiraram obras de fantasia que hoje são famosas. O próprio conceito de escola de magia que vemos em Roke, lembra em muito a Hogwarts de J. K. Rowling. O sistema de magia que, alterando o verdadeiro nome dos objetos e seres, pode transformá-los lembra bastante que vemos em O Nome do Vento de Pratick Rothfuss. Até a questão do nome verdadeiro de um mago ser uma forma para controlá-lo é algo que vemos no sistema de magia do Ciclo da Herança de Christopher Paolini. Na capa do Feiticeiro de Terramar vemos, inclusive, uma chamada de Neil Gaiman  dizendo que Úrsula foi responsável por incutir o conceito de magia para ele. Enfim, há vários outros pontos e definitivamente recomendo a quem decidir ler analisá-los

Não existem aqui muitos personagens (realmente ia ser meio difícil inserir vários personagens num livro de 176 páginas). O foco principal é em Ged sua infância, seu aprendizado de magia e, após o incidente na escola de Roke, sua busca pela sombra. E essa magia é sempre muito sutil e poética. Não espere ver grandes batalhas de magos porque esse não é o foco. Inclusive, ao final, eu estava com muito medo do livro se tornar alguma pirotecnia maluca de magias, pois isso iria completamente contra tudo o que já tinha sido apresentado até ali. Mas a Úrsula não me decepcionou e garanto que é algo bem satisfatório para a trama.

Fora isso, o texto da Úrsula é maravilhoso: flui bem e sem dificuldades. A descrição dela é um pouquinho rasa, mas nada que incomode. Enfim, pelo legado desse livro e pela história ser muito boa, é um livro que todo fã de mundos fantásticos deveria ler.

PS: O segundo livro (As tumbas de Atuan), já saiu no Brasil, também pela Arqueiro e resenharemos em breve.



Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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