Título:O ano em que conheci meus paisAutor:Toni MoraesEditora:MonomitoAno:2017O ano é 1989.O Rebelde Desconhecido bloqueia tanques de guerra numa manifestação em Pequim.O muro que divide a Alemanha cai.O fim da Guerra Fria é anunciado.A primeira eleição direta para presidente, desde 1960, é realizada no Brasil.Em São Paulo, o jovem jornalista Jonas acompanha com atenção todos os eventos que fazem daquele ano um dos mais marcantes do último século. Ele tem planos de estar no meio disso tudo. Quer cobrir guerras e contar suas histórias.Seu destino parece certo, mas um encontro inusitado e uma estranha revelação sobre seus pais, feita por um famoso militante político, exigem que o jovem jornalista tome uma nova direção.Criado pelos avós depois de, aos três anos, perder a mãe e o pai em um acidente, em Belém, ele reúne coragem e parte para a capital paraense acompanhado de seu melhor amigo, o artista plástico Domenico, que enfrenta o seu próprio destino. O jornalista precisa descobrir o quanto de verdade e de mentira está por trás do que lhe contaram sobre sua família.Jonas entende, agora, que a primeira história que precisa ser contada é a sua.
"O ano em que conheci meus pais" é o romance de estreia do autor paraense Toni Moraes, publicado em 2017 pela editora Monomito.
É um livro de ficção que reúne um compilado de pequenas realidades que, por vezes, esquecemos.
E não devemos nunca esquecer.
Jonas é um estudante de jornalismo que, ao participar de um evento na universidade, conhece um militante político que irá palestrar sobre a história recente do Brasil.
Em 1989, com a Constituição Federal Cidadã com apenas um ano, os terrores da ditadura estavam muito recentes e ainda existiam muitos segredos e medos no período.
Nesta palestra, Jonas teve todas as suas certezas abaladas ao ser questionado sobre seu nome - que é o mesmo de seu pai - e uma possível história de que seus pais foram militantes na terrível época da ditadura militar.
Até então sua história de vida concreta era o fato de ter sido criado pelos avós maternos, em São Paulo, desde os 3 anos de idade, pois seus pais teriam morrido num acidente de carro em Belém do Pará.
Desde então Jonas se corrói por essa dúvida do passado que assola seu presente. Sua vó, Verônica, confirma a narrativa do acidente de carro e seu avô, que poderia lhe dar outra versão, era um militar aposentado que já está morto quando essa nova história vem a tona.
Jonas, então, com o apoio de seu amigo de infância, Domenico, decide se aventurar pela cidade das mangueiras (Belém do Pará, para quem não sabe) para buscar respostas sobre o passado dos pais e, consequentemente, sobre a sua verdadeira história.
O seu acompanhante e melhor amigo, Domenico, enfrenta seus próprios demônios pois soube a pouco de sua condição de soropositivo e, lembrem-se, a história se passa em 1989, portanto, não se tinha todo o aparato do tratamento ofertado nos dias de hoje.
Enquanto Jonas busca informações sobre o passado que irão impactar o seu presente, Domenico procura viver cada momento como se fosse o último, aproveitando do presente de forma intensa pois não sabe o que será de seu futuro.
Uma viagem repleta de transformações que será inesquecível para ambos.
Acompanhamos a trajetória de Jonas em uma narrativa em 3ª pessoa, com pequenos flashbacks em 1ª pessoa de um personagem que vai nos entregar um pouco mais da história nas entrelinhas.
Os diálogos são engraçados e provocativos, sobretudo os que tem participação de Domenico - lembrando que estamos no começo dos anos 90.
Os personagens poderiam ser nossos amigos de tão palpáveis em suas complexidades, diferenças e diversidades, mesmo naquele período mais complicado.
Além disso, é um texto bastante descritivo que se passa majoritariamente nas cidades de Belém, São Paulo, Rio de Janeiro e Marabá. Assim sendo, para o leitor que conhece alguma dessas cidades, é fácil de visualizar as ruas por onde Jonas percorre no decorrer da história e, particularmente, adoro isso.
"O ano em que conheci meus pais" é um livro bonito, reflexivo e emocionante que retrata a história de muitas pessoas e suas perdas.
Perdas essas que, na realidade, são irreparáveis e que estão caindo no esquecimento ou estão sendo relativizadas na nossa própria história enquanto país.
Definitivamente é uma leitura que vale a pena conhecer e se emocionar.
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