Título:Um Convite no FimAutor:Guilherme RomãoEditora:Voe (Flyve)Ano:2020Vito quase perde a vida, mas recebe a oferta de continuar na morte. Dentre seus devaneios ele encontra quem poderia ser a mulher dos seus sonhos, caso ainda os tivesse. Uma decisão precisa ser tomada. Seguir os humanos que limpam o mundo ou a garota.Intrigas além vida deixam Vito em situações inusitadas e transformam o caminho de qualquer leitor em uma empolgante e jovial aventura. Encontros surpreendentes, reviravoltas e o poder do passado sobre um falecido que está vivo. Uma junção de sentimentos e sensações que apenas “Um Convite no Fim” pode proporcionar.
Recebi o Um Convite no Fim como uma grata surpresa. Inicialmente estava esperando algo mais terror (meio que pela sinopse mesmo) mas no final o que acabei tendo foi um ótimo livro que consegue mesclar um pouco de fantasia com horror começando até muito pé no chão, mas que soube soltar o freio de um jeito que eu tomei até um susto. Mas vamos com calma e começar do início…
Vito é um garoto que conviveu com a morte a vida toda. Sua mãe morreu logo que ele nasceu e desde sempre ele convive com uma doença que sabe que vai ceifar sua vida em algum momento, talvez do nada. Sem muitas opções, seu pai, o Dr. Gallucio, se mudou com ele para a cidade de Gurupi no Tocantins onde eles tentam levar uma vida o mais próximo do normal. Sempre preocupado com seu pai e amigos, Vito vive em uma corda bamba. O problema todo é que quando quando a hora finalmente chega, o garoto descobre que a morte não é exatamente aquilo que ele imaginou e, no momento derradeiro, recebe um convite inusitado. Ao tomar uma decisão rápida, sem pensar muito, ele não imaginava em como iria envolver seu pai e amigos e uma enorme batalha.
Como eu falei, Um convite no Fim começa completamente pé no chão. Vito tem uma vida normal de adolescência e escola, permeada pelo problema de saúde que tem no coração. Ele está sempre preocupado com como exatamente seu problema afeta a vida do pai (que trabalha muito tentando manter a casa e o tratamento) e os amigos e acaba ocultando de todo mundo que nos últimos tempos começou a ter algumas alucinações.
Tudo vira de cabeça para baixo quando Vito “morre”. Ou quase isso. Na verdade ele tem uma crise bem grave do coração e fica em coma por algum tempo. Durante o coma ele descobre que a morte não é exatamente uma entidade só e sim toda uma organização (a Ipsis Morten) que já foi representada por todas as divindades diferentes relativas à morte das mais variadas culturas e que, atualmente, tem representantes em cada cidade no mundo. Ele conhece inicialmente Néftis, uma garota linda que o acompanha no limbo e que é um pouco difícil de entender o que faz; e conhece também Cesar, um representante misterioso da Ipsis Morten que propõe a ele se tornar um ceifador em troca de receber a cura para sua doença. A grande questão é que esse contrato tem uma quantidade enorme de poréns que não ficam bem claros, e Vito aceita mesmo assim.
Ao longo do livro a trama sai de um drama familiar para algo completamente louco e fantástico. Quando Vito começa a entender realmente o que é o trabalho como ceifador, além de começar a entender o mistério por trás da Ipsis Morten e de César, várias batalhas vão se sucedendo e algumas acabam sendo bem violentas e agressivas. O sistema de magia do livro é até bem complexo, mas não é difícil de entender. A criatividade pra criação de lutas completamente malucas é um ponto alto do autor.
Se eu puder criticar algo no livro talvez seja o excesso de necessidade do foco na jornada do herói. Em dado momento (não se preocupe, sem spoilers) Vito recebe um desafio que eu achei que talvez tenha sido demais e ele acaba precisando de uns artifícios um tanto roubados (apesar de bem interessantes para uma batalha mágica). Fora isso, no geral, é um livro bem fluido com uma trama bem criativa.
O livro termina num gancho, então imagino que tenha continuação no futuro. Aliás, que gancho. A trama da uma volta de cabeça pra baixo, algo que eu realmente não estava esperando.